domingo, 31 de maio de 2015

Apresentação


O blog ABC-Educação foi criado com o objetivo de abranger os seguintes temas: projetos, reportagem, entrevista, aula-fora, filmes e artes.

Projeto: Primavera esse é um é um modelo de Projeto Interdisciplinar Primavera a ser trabalhado em turmas de Educação Infantil dentro dos eixos temáticos propostos pelo Referencial Curriculares Nacionais para a Educação Infantil é mais uma contribuição da professora Fernanda Melo Gerez para o Espaço do Educador.

Reportagem: Para que estudar? Mais crianças no Brasil e no mundo têm acesso à escola, mas a maioria não aprende o básico. Isso não significa que o esforço foi em vão Mais de 100 ministros do mundo se reuniram na semana passada no Fórum Mundial de Educação, na Coreia do Sul, para acordar metas a serem atingidas por todos os países para os próximos 15 anos.

Entrevista: Pedagogia da diferença - Maria Teresa Eglér Mantona, uma das maiores especialistas em inclusão escolar no país, defende uma ampla transformação das escolas regulares para atender a todos, indistintamente inclusão escolar não depende de infraestrutura ou de adaptações curriculares que atendam às necessidades individuais dos alunos com deficiência.

Aula-fora: O mundo de descoberta - Conhecer esse ecossistema leva a entender as relações de dependência entre os seres vivos Um aquário malcuidado, nas dependências da EMEB Octávio Edgard de Oliveira, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, foi o ponto de partida para a garotada do 4º ano pesquisar sobre seres vivos.

Filmes: Atividade educativa - A escola tem mais de 200 anos de existência e é considerada a principal forma de acesso à educação. Hoje em dia, a escola e a educação são conceitos amplamente discutidos em foros acadêmicos, políticas públicas, instituições educativas, meios de comunicação e espaços da sociedade civil.

Arte: Quilombola - A escola é a guardiã da cultura do povo negro na comunidade quilombola Adelaide Maria da Trindade Batista, em Palmas, no Sul do Paraná. Cerca de 250 estudantes frequentam as aulas no Colégio Estadual Quilombola Maria Joana Ferreira, que tem uma proposta curricular própria e o desafio de oferecer uma educação de qualidade, aliada à preservação da identidade histórica do quilombo. 

1) Projeto: Primavera Educação Infantil


Este é um modelo de Projeto Interdisciplinar Primavera a ser trabalhado em turmas de Educação Infantil dentro dos eixos temáticos propostos pelo Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil é mais uma contribuição da professora Fernanda Melo Gerez para o Espaço do Educador.

Ele servirá de norteador para a elaboração de seu projeto individual, tendo em vista as especificidades de sua turma


PRIMAVERA

A primavera começa no dia 22 de setembro, no hemisfério sul, no equinócio de verão quando o dia e as noites têm a mesma duração e segue até 21 de dezembro. Durante a estação, o clima é mais ameno, em relação ao inverno. A época é associada ao reflorescimento das plantas e reprodução da fauna.

APRESENTAÇÃO

Projeto Primavera trabalha os eixos sugeridos pelos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEF). Interdisciplinar integra os conteúdos, respeitando o processo de construção do conhecimento.

Linguagem oral e escrita
      Traz situações de aprendizagem orientadas para o desenvolvimento da capacidade de ler e de escrever com propostas contextualizadas, riqueza e diversidade textual.

Matemática
      Desenvolve as atividades do pensamento a partir de situações - problema exploratórias significativas para as crianças.

Natureza e sociedade
   Proporciona uma formação abrangente, cuidadosamente adequada à faixa etária, planejada para possibilitar descobertas importantes envolvendo as áreas das Ciências Naturais e Sociais.

Artes visuais
      Favorece o desenvolvimento da imaginação criadora, da expressão e do senso estético da criança, por meio do fazer, do refletir e da apreciação de produções artísticas.

Música
     Traz atividades de vivência, percepção e reflexão musical, planejadas para despertar estimular e desenvolver o gosto pela música.

PÚBLICO ALVO:
Educação infantil e Ensino Fundamental I

JUSTIFICATIVA:

Vivenciar a alegria da estação com a presença multicolorida das flores, levando a criança a contemplar as suas maravilhas e o bem - estar que a convivência da natureza proporciona. O Projeto Primavera se caracteriza por se trabalhar de forma globalizada os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais da criança.

OBJETIVOS:

- Trabalhar a percepção tátil, a coordenação motora, as linhas, as cores, os aromas, as medidas, texturas.
- Despertar o interesse pela preservação do meio ambiente assim como as formas de vida e sua sobrevivência.
- Observar o meio natural, desenvolvendo a curiosidade e a prática investigadora de cada criança.

- Incentivar o respeito às flores.

- Trabalhar o desenvolvimento pessoal e interpessoal da criança, a construção da personalidade, as atitudes, os valores para que aprenda a conviver, a ser e a estar consigo mesma e com o outro.
- Enfatiza a construção de valores, como o respeito à pluralidade e à diversidade étnica, de gêneros, social e cultural.


PLANO DE AÇÃO:

- Exposição dos trabalhos de cada sala no mural (3 a 4 dias por turma no período do mês de setembro);
- Apresentação na última semana por sala (dança, jogral, teatro, cântico, etc) ;
- Exposição mesa de atividades manuais produzidas pelos alunos de todas as séries exposição interna somente para os alunos. 

CONTEÚDO SUGERIDO:


- Atividades orais e escritas;

- Plantio de diferentes mudas;
-Jogos: Quebra Cabeça, Jogo da Memória, Dominó e Bingo de Flores;
 - Músicas e Danças;
- Móbiles;
- Culinária (apresentação de chá);
- Pinturas, Dobraduras e Recortes;
- Matérias recicláveis (sucatas);
- Histórias com fantoches;
- Confecção de livros;
- Técnicas de pintura;
- Máscaras de flores trabalhadas;
- Argila;
- Massinha de modelar;
- Confecção de esculturas em flores;
- Painéis;
- Parlendas; Contos; Adivinhas; Trava-língua; Poemas; Rimas;
- Exposição de telas – Juscelino Soares (Girassol);



MATÉRIAS UTILIZADOS:


- Papéis (sulfite, cartolina, color set, jornal, bobina, crepom, laminado).

- Palitos de churrasco; Garfinhos de madeira.
- Sucatas (garrafa pet de diferentes cores e tamanhos; tampinhas de plásticos).
- Tesoura com ponta arredondada, cola branca e colorida, lápis de cor, giz de cera, giz de lousa, régua, glitter.
- Fio de náilon, barbante, fita adesiva transparente, botão, pincel, E.V.A. tela.
Sementes e mudas;

AVALIAÇÃO:

      Avaliação continua, global, individual e formativa. Será realizada durante todo o mês de setembro através das atividades realizadas, observando a retenção de conhecimento que o aluno adquiriu durante a sua participação ativa nas aulas e no seu dia a dia. Ressaltamos que a avaliação é baseada em todo o trabalho realizado pelo aluno e nas atitudes diárias.
CRONOGRAMA:
- Mês de setembro de 2015

SUGESTÕES DE APRESENTAÇÕES E MURAIS:
- Com a voz da Eliana tem a música Primavera e também um pout-pourri das canções a Cigarra e a Formiga, As Estações, e Lá vem o Sol. ( Algumas crianças podem estar vestidas com asas de borboletas confeccionadas por elas próprias e outras com flores)


- No CD Arca de Noé tem uma linda canção denominada Girassol cantada pela Jane Duboc - também é uma opção. (Uma coreografia com os alunos vestidos de girassol)

- A montagem de um painel da seguinte maneira: cada dia um elemento da natureza: flor, uma arara, uma borboleta e assim sucessivamente... todos os alunos executam o trabalho artístico e cada dia um irá para o painel. Se for possível, associar uma música a cada elemento que for exposto. Importante que haja a participação de todos os alunos.

- Lembrancinha: Um copinho de gelatina ou de refrigerante recheado de jujubas com uma plaquinha em forma de flor desejando feliz primavera - é simpático e as crianças amam.

- Plantar sementes de flores na escola e dar de lembrança um vasinho pequeno com um saquinho de terra e flores para as crianças montarem com os pais em casa também.

- Para os maiores: O dia que marca o início da primavera é muito especial. A duração do dia, parte clara, e da noite é a mesma. A partir dai as noites serão cada vez menores e o clima se torna mais quente. Observar pode ser uma atividade interessante.

- Sugiro um grande mural, colorido com flores e passarinhos feitos de dobradura, pintado com têmpera ou cola colorida, usando folhas secas e graminhas coletadas pelas crianças, sempre usando literatura infantil como motivação para adicionar elementos no mural. Você pode fazer um motivo por dia, contando histórias ou ensinando musiquinhas com gestos e expressão corporal, ainda máscaras de flores ou de personagens de histórias, fazendo um teatrinho.explorar texturas, cores, formas e a natureza que é muito rica em elementos.

- Que tal iniciar com algumas musicas infantis? Um passeio pelo jardim florido... mostrando alguns cuidados com as plantas (música passeio imaginário)...Que tal contar histórias e depois pedir que desenhem... fazer dobradura e dar a eles. Trabalhar junto as cores da natureza... montar um cartaz com tudo quanto é tipo de flor e fazer colagem...


Música da primavera:

Desperta no bosque gentil primavera.

Com ela chegou o canto, gorgeio dos sábia.
Tra lá lá lá tra lá lá.
As flores se abrem no bosque encantado
Com ela chegou as flores

- Pode trabalhar com um desfile

meninos e meninas!!
-Trabalhar cantigas de roda e outras a linda rosa juvenil, onde está a margarida,
o cravo e a rosa etc.

- Vamos fazer a dramatização..."Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho...voou,voou,voou...E a menina que gostava tanto do bichinho...chorou, chorou,chorou...Sabiá fugiu pro terreiro, foi morar lá no abacateiro, e a menina pois-se a chamar :-Vem cá sabiá,vem cá. Sábia respondeu de lá:-Não chores que vou voltar...


Poesias:
1) NO JARDIM



JARDINEIRO, JARDINEIRO
VAI REGAR O TEU CANTEIRO
LINDAS FLORES
LINDAS FLORES
COLHERÁS O ANO INTEIRO

2) PRIMAVERA

A PRIMAVERA EXPLODIU
EM FOLHAS E CORES NOVAS!
QUEM FEZ TUDO NINGUÉM VIU
MAS AS FLORES SÃO AS PROVAS...

3) PRIMAVERA

O JARDIM ESTÁ FLORIDO
LINDAS FLORES MULTICORES
TRAZENDO BORBOLETAS DE VÁRIAS CORES
FLORES COLORIDAS E PERFUMADAS
PASSARINHOS A CANTAR
É A PRIMAVERA QUE CHEGOU
PARA TODOS ALEGRAR
LINDA PRIMAVERA
COMO VOCÊ É LINDA
É A PRIMAVERA

NO JARDIM DA BEM VINDA

HÁ FLORES LINDAS E BELAS.

NA PRIMAVERA
SURGEM AS ROSAS E OS CRAVOS
A NATUREZA IMPERA
NO SÍTIO DO ROSALVO.

O AR FICA CHEIROSO
FAZ BEM PARA AS NARINAS
TUDO SE TORNA FORMOSO
PARAÍSO DAS MENINAS.

LINDA PRIMAVERA
COM PÉTALAS A ABRIR
A COISA MAIS SINGELA
QUE PODEMOS ASSISTIR.

ÉPOCA DE ALEGRIA
QUE TRANSMITE MUITA CALMA
NADA DISSO EXISTIRIA
SE NÃO HOUVESSE A ALMA.

DESABROCHAM LINDAS FLORES
E CHEIROSAS TAMBÉM
DE ONDE SURGEM OS FRUTOS
E EXCELENTES ARES CONTÊM.

Texto:
Qualquer vida é muita dentro da floresta
Se a gente olha de cima, parece tudo parado.

Mas por dentro é diferente.

A floresta está sempre em movimento.
Há uma vida dentro dela que se transforma sem parar.
Vem o vento.
Vem a chuva.
Caem as folhas.
E nascem novas folhas.
Das flores saem os frutos.
E os frutos são alimento.
Os pássaros deixam cair as sementes.
Das sementes nascem novas árvores.
As luzes dos vaga-lumes são estrelas na terra.
E com o sol vem o dia.
Esquenta a mata.
Ilumina as folhas.
Tudo tem cor e movimento.

O livro das árvores. Org. Jussara Gomes Gruber
Org. professores Ticuma Bilíngües. São Paulo: Global, 2000


BIBLIOGRAFIA:
- Revista Nova Escola – Setembro 2006.


- Revista: Guia Prático para Professores da Educação Infantil.
- Projetos Escolares – Educação Infantil.

RESPONSÁVEIS PELA EXECUÇÃO DO PROJETO:

- Professora Elizabete 2º ano e 5º ano
- Professora Fernanda 3º ano e 4º ano
- Professora Jaqueline 1º ano
- Professora Simone Jardim
- Professora Solange Maternal

- Professora Leia e Gislene suporte técnico


2) Reportagem: Para que estudar?

Mais crianças no Brasil e no mundo têm acesso à escola, mas a maioria não aprende o básico. Isso não significa que o esforço foi em vão





Mais de 100 ministros do mundo se reuniram na semana passada no Fórum Mundial de Educação, na Coreia do Sul, para acordar metas a serem atingidas por todos os países para os próximos 15 anos. O encontro, organizado pela Unesco, serviu também para analisar o cumprimento dos objetivos traçados 15 anos antes, na conferência de Dacar. Nesse período, o percentual de crianças com idade para frequentar o ensino fundamental, mas que estava fora da escola, caiu de 16% para 7%. Foi um avanço considerável, mas insuficiente para cumprir a meta de acesso universal. O total de crianças sem estudar chega hoje a 58 milhões no mundo.

A tarefa é garantir que toda criança esteja na escola segue, portanto, inconclusa. Mas as autoridades presentes na Coreia concordaram que, a essa agenda, era preciso agregar outra: não basta universalizar o acesso, é preciso também garantir o direito de aprendizagem. Tal desafio, como bem sabemos pelo caso brasileiro, é ainda mais complexo.

Uma semana antes do Fórum, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou um relatório com indicadores de aprendizagem em 76 países onde foi possível comparar o desempenho de alunos. O fato de só 76 nações — que representam apenas um terço da população do planeta — constarem do levantamento já sinaliza que será preciso um esforço monumental para ampliar o número de países com algum diagnóstico de qualidade do ensino. Há no mundo mais de 190 países, e a maioria daqueles onde não há indicadores de desempenho é formada justamente pelos mais pobres, onde os problemas são certamente mais graves.

O documento da OCDE revela que em 25 nações mais da metade dos jovens têm níveis de aprendizagem abaixo do que a organização considera o básico. O Brasil faz parte deste grupo, com 64% dos estudantes abaixo do nível mínimo. Nossas próprias avaliações indicam um quadro ainda mais grave ao final do ensino médio. Em 2013, 91% dos alunos terminavam este nível de ensino sem aprendizado adequado em matemática, percentual não muito diferente dos 88% registrados em 1995.




Esses dados podem dar a falsa impressão de que todo o esforço para colocar mais crianças na escola foi inútil. Primeiro, é preciso considerar que os testes de aprendizagem avaliam apenas uma dimensão — ainda que fundamental — do trabalho da escola, que é o ensino das disciplinas tradicionais.

Mesmo no caso do Brasil, onde sabemos que nossos indicadores de qualidade estão estagnados ao menos desde 1995, o maior acesso ao estudo está relacionado a inúmeras variáveis positivas.

A Pnad, pesquisa anual do IBGE, mostra que brasileiros com apenas o ensino médio completo entre 25 e 34 anos de idade (e que portanto frequentaram os bancos escolares já nesse período de péssimos indicadores de qualidade) recebem salários, em média, 40% maiores aos de quem parou no ensino fundamental.

Maior escolaridade está correlacionada também no Brasil a menores taxas de gravidez precoce ou indesejada, e de mortalidade infantil. Ter estudado mais, mesmo nesse sistema de baixa qualidade, significa também melhores condições de saúde, acesso a água e esgoto tratado, e maior expectativa de vida. Uma boa educação pode ainda impactar positivamente em valores que não são mensuráveis, como ética, cooperação ou criatividade, mas que ninguém discorda que são fundamentais para o sucesso de uma sociedade.

O esforço de colocar mais crianças na escola, portanto, não foi em vão. Isso só não serve de desculpa ou consolo para os péssimos resultados de aprendizagem. Há muito o que avançar.

© 1996 - 2015. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. 
Coluna Antônio Gois

3) Entrevista: Pedagogia da diferença

Pedagogia da diferença

Maria Teresa Eglér Mantoan, uma das maiores especialistas em inclusão escolar no país, defende uma ampla transformação das escolas regulares para atender a todos, indistintamente


A inclusão escolar não depende de infraestrutura ou de adaptações curriculares que atendam às necessidades individuais dos alunos com deficiência. Para ser plena e efetiva, a inclusão requer, antes de tudo, a compreensão de que a diferença é inerente ao ser humano - diferença entendida aqui não como as características específicas de uma categoria de pessoas, por exemplo, as pessoas com deficiência, mas a diferença que permeia a humanidade e que torna cada ser um único em suas capacidades e habilidades. 

Dar conta dessa característica da humanidade é o desafio que se coloca a uma escola que se pretenda inclusiva, como destaca a pedagoga Maria Teresa Eglér Mantoan, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diferença (Leped). A especialista, que acaba de lançar Inclusão escolar - O que é? Por quê? Como fazer? (Summus), ressalta nesta entrevista a importância, os desafios e a obrigatoriedade, por parte das escolas, de acolher todos os alunos por meio de formas mais solidárias e plurais de convivência. 
Sendo uma das maiores especialistas na área, como a senhora define a inclusão?A inclusão vem justamente da ideia de que nós não temos o direito, de forma alguma, de tratar algumas pessoas de forma diferente e, em função disso, estabelecer um mundo diferente para elas - uma sociedade diferente, uma escola diferente. A inclusão é justamente a compreensão de que é a diferença o que nos constitui, não a igualdade. Nós temos igualdade perante a lei, o que não significa que sejamos iguais. Um erro comum dos professores, da escola e até dos pais é pensar que a inclusão é a inclusão da criança com deficiência. Mas e aquele menino que entrou na escola naquele ano, veio de outro estado, tinha uma linguagem diferente, não deu conta de todos os conteúdos? Ele também está em um processo inclusivo.



A senhora está lançando um novo livro sobre o tema. Qual é a proposta da obra?
Meu objetivo é tornar acessíveis ideias que possam parecer complexas e que, por serem inovadoras, costumam gerar uma resistência por parte das pessoas. A inclusão é uma ideia dessas, uma ideia que rompe paradigmas, que traz para a escola um grande desafio: abandonar esse padrão de pseudo-homogeneidade que ela almeja. Isso, evidentemente dentro dos cânones da escola, que são conservadores, significa alguma coisa que não só desafia, como também amedronta. As pessoas perdem a segurança de atuar dentro de determinados padrões, porque se veem diante de um cenário novo em que as crianças que estão lá não são as crianças dominadas pela escola. São crianças que mostram, principalmente, o que está faltando na escola. 

A pesquisa Conselho de Classe - a visão do professor no Brasil, da Fundação Lemann, mostrou que 7% dos professores consideram como tema mais urgente a falta de estrutura para atender as crianças de inclusão na escola. Como os professores podem ajudar na política de educação inclusiva se eles ainda se sentem desamparados?
Essa questão remete a uma parte do meu livro, o "como fazer", como os professores devem atuar numa perspectiva inclusiva para atender toda e qualquer criança. Nessa lógica, as crianças incluídas não são aquelas que precisam de uma pedagogia diferente, de uma atividade diferente, de um currículo adaptado para darem conta na escola. É a escola que tem de se modificar para atender as crianças, e não as crianças que têm de se modificar para atender a escola. Um resultado como esse mostra que a escola não entendeu isso ainda. Que estrutura é essa que os professores estão esperando? É uma estrutura de escola especial que vem para não mudar nada, e esses meninos ficarem sob a responsabilidade dela? Ou é uma nova estrutura na qual os professores têm de trabalhar a partir de um referencial de ensino e aprendizagem que não é o mesmo que a escola utiliza para dar conta do processo educativo das crianças que ela considera dignas de estarem lá? 

A escola tem de mudar?
Sim, e mudar não significa exclusivamente ter uma estrutura para atender essas crianças. Mudar, dentro do ponto de vista inclusivo de educação, é mudar para que a escola possa atender a todos sem diferenciar pela deficiência de alguns alunos. A avaliação muda, mas não muda só para essas crianças, muda para todo mundo. As atividades também. A organização curricular muda, mas não muda só para essas crianças, com adaptações à capacidade delas. À luz da Política [de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva], a educação especial deixou de ter a função de auxiliar essas crianças nos conteúdos escolares. Cabe, agora, oferecer recursos que tornem as crianças, o máximo possível, autônomas e independentes para aprender aquilo que é oferecido na escola. É difícil porque os professores e a escola querem que o professor da sala de multirrecursos assuma o papel que é do professor de sala. Os professores querem saber o que devem fazer para ensinar tabuada, para alfabetizar o menino que é deficiente. Esse é o ponto. Ninguém quer mudar aí: se há alguma dificuldade para a criança aprender tabuada, este é visto como um problema do professor de educação especial. Então o professor de classe vai até ele perguntar como fazer. 

Nessa linha de raciocínio, a Política, que prevê, por exemplo, as salas de recursos multifuncionais, não reforça essa expectativa da escola regular?
Ao contrário. A Política estabelece que a educação especial não é mais substitutiva, ela é complementar. Ela não pode substituir conteúdo, atividade, o ensino de uma classe comum. Isso era atribuição das escolas especiais e das classes especiais. Na perspectiva atual, a educação especial é complementar porque ela oferece conhecimentos para alguns alunos que a escola comum não dá, como aulas de Libras, por exemplo. O currículo da sala de recursos multifuncionais - que são as salas de educação especial - não é o currículo escolar. Qual a vantagem disso para o professor da sala comum? Ele passa a ter um esclarecimento das necessidades da criança e pode pensar, em conjunto com o professor da sala de recursos, como atuar com este aluno.

Mas por que permanece a mentalidade de usar a sala de recursos como espaço de aprendizagem de conteúdos que deveriam ser dados na sala de aula regular?
Essa mentalidade não muda por causa das cobranças ao sistema de ensino. Os sistemas de ensino se dizem inclusivos, mas a cobrança é sobre a educação especial, e não sobre a escola comum. Isso ocorre desde a esfera federal até a municipal. A esfera federal tem uma política avançada em termos de educação inclusiva, mas a Secretaria de Educação Básica do MEC continua sinalizando o contrário ao dizer: "esperamos que todas as escolas atinjam a meta do Ideb". Mas se pensarmos numa educação democrática, educação para todos, que qualidade de ensino deveríamos sinalizar para a escola? Temos de sinalizar uma pedagogia da diferença, em oposição à pedagogia da homogeneidade, que é aquela em que todos têm de aprender as mesmas coisas, no mesmo tempo e tenham resultados de aprendizagem que correspondam ao que o outro quer, e não àquilo que elas próprias definiram como seu interesse e necessidade.

Algumas escolas privadas têm adotado cota para alunos de inclusão e exigido um acompanhante para estes alunos. O que a senhora pensa sobre isso?
Isso é um absurdo. Conforme a necessidade da criança, ela tem direito a um acompanhante, mas a escola é que deve providenciar. Não é o pai que tem de pagar. Além disso, o cuidador - que deve estar disponível para qualquer aluno - pode até apoiar o professor numa situação específica, mas ele não tem uma função pedagógica. As cotas também são um absurdo. Muitas vezes isso acontece porque há alguns professores que recebem toda e qualquer criança e quando a turma dele está fechada, a escola se recusa a receber a criança. Isso não pode acontecer. Ninguém pode ter matrícula negada por qualquer diferença na escola brasileira. É o que diz a lei.

Pensando nas condições e problemas enfrentados por boa parte das escolas brasileiras, como operacionalizar a inclusão?
Primeiro, a escola precisa estar ciente de suas obrigações. Oferecer educação especial através do atendimento educacional especializado não é uma benesse de algumas escolas; é obrigação dos sistemas de ensino. A escola tem de buscar esse atendimento, os recursos e instalá-los. Também deve buscar professores especializados, embora muitos deles ainda prefiram atuar como professores de educação especial à moda antiga, dando aulas de reforço de matemática, por exemplo. Outra coisa muito importante: os professores que reclamam de seus alunos. É preciso que eles se avaliem com perguntas do tipo: Por que meus alunos não aprendem? O que estou ensinando? Como estou avaliando? Que material tenho usado para que os meus alunos tenham acesso a conteúdos que não estão apenas no livro didático? As escolas têm de avaliar seu próprio ensino, entender para quê serve a avaliação e adotar formas mais evoluídas de avaliar alguém no processo educativo. Não é avaliação formativa, não é avaliação da disciplina. Estamos falando aqui de uma avaliação que gere melhorias. Finalmente, é preciso mudar a mentalidade de que somente os alunos com deficiência são diferentes. Cada um pode evoluir de acordo com o meio onde vive, com a capacidade que tem para ser desenvolvida. Temos de fazer dos nossos alunos os mais diferentes, de modo que eles tenham consciência de que são diferentes, que nós somos diferentes. Somos pessoas que nos distinguimos pela diferença.



Fonte: http://revistaeducacao.com.br/textos/216/pedagogia-da-diferencamaria-teresa-egler-mantoan-uma-das-maiores-especialistas-342444-1.asp

4) Aula-fora: O mundo de descobertas

Todos de olho no aquário
Conhecer esse ecossistema leva a entender as relações de dependência entre os seres vivos
    A observação foi seguida de etapas de aprofundamento sobre os ecossistemas

Um aquário malcuidado, nas dependências da EMEB Octávio Edgard de Oliveira, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, foi o ponto de partida para a garotada do 4º ano pesquisar sobre seres vivos. "O trabalho não se restringiu à questão de ‘salvar o tanque da escola’. Ele focou no conceito de sistema, com atividades para as crianças pensarem sobre como as coisas estão organizadas para garantir a vida dos peixes", diz Luciana Hubner, consultora pedagógica da Abramundo. Essa abordagem é defendida pela pesquisadora argentina Ana Espinoza no livro Ciências na Escola - Novas Perspectivas para a Formação dos Alunos (168 págs., Ed. Ática, tel. 4003-3061, 31,50 reais). Ela enfatiza que os ecossistemas são compostos de uma rede complexa de relações. "Um sistema não é apenas um conjunto de elementos, mas, sim, uma distribuição particular destes que permite a criação de interações específicas." 

    O estudo da anatomia dos peixes e a produção de fotos-legendas foram intercaladas à pesquisa

Inicialmente, o professor Roberto Leandro dos Santos propôs a observação do tanque. A garotada o desenhou, além de fazer uma lista dos itens vistos ali: água suja, apenas um peixe, cascalho e alguns objetos de decoração. Depois, as crianças estudaram sobre a água - que consideraram ser a casa natural dos peixes - e seu ciclo por meio de um livro didático e de um vídeo. Todas se surpreenderam ao concluir que a água do planeta é sempre a mesma. 

O educador, então, voltou a atenção da classe para o aquário. O grupo recolheu uma amostra da água e a observou. "Ela era turva, tinha cheiro e provavelmente gosto", diz Santos. Várias hipóteses surgiram: "Essa cor deve ser por causa do xixi do peixe", disse Gabriela Aparecida Fernandes da Cruz, 9 anos. Os alunos lembraram, de acordo com o que viram sobre o ciclo da água, que nos rios e mares ela está em constante movimento, no tanque, não. "Eles concluíram que os peixes produzem sujeira, que na natureza é limpa por outros animais. O aquário deve ser mantido por alguém", diz Santos.


O docente comentou, então, que toda água tem propriedades, como nível de acidez e temperatura, que podem ser medidas. Ele recolheu amostras da água do aquário e da torneira da escola e, com material apropriado (à venda em casas especializadas), checou as duas características, além do nível de amônia e de cloro. Depois, todos pesquisaram na internet sobre o hábitat dos peixes. Descobriram que as características da água determinam as espécies que podem viver nela. "Destaquei que esses indicadores mudam e nem todos os peixes conseguem viver no mar ou no rio, por exemplo." 



Santos levou um aluno de Biologia da Universidade de São Paulo (USP) para conversar com a meninada. O convidado trouxe um peixe já morto para explicar a função de cada parte de seu organismo. Assim, todos observaram que o animal respira embaixo d’água por meio das brânquias. 


As crianças também pesquisaram na internet sobre tipos de aquário. Santos aproveitou esses momentos para ajudá-las a usar as ferramentas de busca, orientando sobre as palavras-chave e a comparação de resultados. Com a prática, elas foram criando uma lista de sites confiáveis.

    O estudo da anatomia dos peixes e a produção de fotos-legendas foram intercaladas à pesquisa



Hora de montar o tanque 

Depois da investigação, a turma gostou dos peixes de água doce. O professor explicou que era preciso descobrir quais são as condições da água em que vivem, para tentar reproduzi-las. Todos fizeram uma tabela no quadro com as espécies escolhidas e as condições de vida de cada uma delas. Assim, puderam definir as características da água do aquário e selecionar os animais. Os estudantes também adicionaram à lista exemplares que fazem a limpeza desses ambientes. "Essa etapa foi fundamental para que a turma entendesse a importância de conhecer bem o ecossistema e evitar a compra de peixes que poderiam morrer num meio com condições impróprias", explica Santos. O antigo morador do tanque, de uma espécie com características incompatíveis com as dos escolhidos, foi doado. 

Para reproduzir o fundo de um rio, os alunos escolheram pedras, plantas e o cascalho de água doce. Surgiram muitas dúvidas: "Qualquer planta pode ser colocada num aquário? Como elas respiram embaixo d’água? Elas têm brânquias, como os peixes?". A classe levantou algumas hipóteses e foi pesquisar mais, pois não sabia como era a respiração e a nutrição dos vegetais. Um dos alunos, então, referiu-se à fotossíntese, e Santos pediu que todos buscassem informações sobre o tema. De volta à classe, tudo foi sistematizado pelo professor. Para ajudar os estudantes a concluir como a planta puxa água do solo, Santos fez duas experiências: colocou rolos de papel mergulhados num copo d’água e crisântemos brancos em vasos com água colorida. 

Todos voltaram ao laboratório de informática para pesquisar as espécies de plantas aquáticas mais adequadas para o ecossistema que estavam criando. O processo se assemelhou ao realizado na hora de escolher os peixes: os resultados foram levados à sala de aula e as informações, registradas em forma de tabela no quadro. "Se a planta precisa de luz para se alimentar e dar oxigênio para os peixes, então o aquário também vai precisar de iluminação", sugeriu Mary Victoria Araújo Evaristo Luna, 9 anos. 

A turma colocou a vegetação e a decoração no aquário e, depois, a água, que foi estabilizada. Por fim, entraram os animais. Paralelamente à pesquisa e à montagem, a garotada produziu fichas informativas sobre as espécie usadas, assim como explicações sobre o aquário. Os textos vinham acompanhados de fotografias das crianças fazendo a linguagem de sinais - um dos estudantes, surdo, tinha intérprete e era acompanhado pelo professor do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que antecipava os assuntos que seriam debatidos nas aulas seguintes. 

Ao fim do projeto, com o aquário revitalizado, os estudantes comemoraram: a escola tinha ganho um bonito ambiente e eles tinham aprendido muita coisa sobre ecossistemas.


1 Examinando um sistema Escolha um ecossistema que necessite de revitalização e proponha que a turma o observe atentamente. O aquário é uma das opções. 

2 Investigação e descobertas Oriente a pesquisa para que todos descubram maneiras de revitalizar esse ecossistema, com a inclusão de novas espécies de seres vivos.

3 Organização do ambiente Depois da definição sobre os elementos do ecossistema, sugira sua montagem, atentando para evitar possíveis desequilíbrios.



Para se inspirar: 

Aula lá fora




Fontes: http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/todos-olho-aquario-agua-peixe-seres-vivos-791155.shtml#ad-image-0

https://vimeo.com/21564870

5) Filmes: Atividade Educativa



A escola tem mais de 200 anos de existência e é considerada a principal forma de acesso à educação. Hoje em dia, a escola e a educação são conceitos amplamente discutidos em foros acadêmicos, políticas públicas, instituições educativas, meios de comunicação e espaços da sociedade civil. Desde sua origem, a instituição escolar tem estado caracterizada por estruturas e práticas que hoje são consideradas obsoletas e anacrônicas. Dizemos que não acompanham as necessidades do século XXI. Sua principal falência se encontra em um projeto que não considera a natureza da aprendizagem, a liberdade de compreender a importância do amor e dos vínculos humanos no desenvolvimento individual e coletivo.

Dicas de alguns filmes sobre educação:


Pro dia nascer feliz, de João Jardim (2006)



Trata-se de um diário de observação da vida de adolescentes no Brasil em escolas públicas e particulares de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. O documentário flagra as angústias e inquietações dos alunos e como eles se relacionam no ambiente fundamental para sua formação. Assista, na íntegra:





A educação proibida, de German Doin (2012)


O longa-metragem argentino, produzido de forma independente e disponível gratuitamente na Internet, mostra 45 experiências de ensino não convencionais. A ideia é incentivar que se repense as metodologias, valorize a diversidade educativa, a liberdade pedagógica e curricular. Assista, na íntegra: